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OS TRÊS SIM DA MADRE

Carla Zagato, mmx
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23 Mai 2021

 

O 24 de maio, na nossa Congregação se tornou dia de festa e gratidão.

 Desde que a Madre disse o seu Primeiro SIM, aderindo à proposta do Padre, este dia se tornou para nós sagrado. Isso porque aquele ‘SIM’ foi como’ a pedra angular’ que permitiu a construção do edifício feito de ‘sim’ a partir de um ‘sim’ que hoje é pronunciado, seja por nossas irmãs e por leigos/as, ao longo destes anos todos.  E tudo para a MAIOR GLÓRIA DE DEUS!!

Hoje 24 de maio 2021 queremos contemplar de novo os “SIM” da nossa Fundadora ‘Pedra Angular’ da Congregação, para agradecer e ver o que pode nos dizer ainda hoje nesta situação particular em que vivemos.

Para isso voltamos lá na época em que foi dito o primeiro SIM e ver se a situação social daquele tempo era tão diferente da nossa atual o se tem algo em comum e, sobretudo se tem algo a nos ensinar. Para fazer isso pegamos nas mãos o ‘COFRE’ das joias da Congregação e abrimos o DIARIO do Padre. No diário do Padre assim se lê:

 “Dias atrás pensando no Instituto... veio-me à mente a senhorita Bóttego. Combinou-se de falar-lhe ao primeiro encontro.”

 No 2 de julho de1943 continua:  “Não a conheço muito. Trata-se somente de algo externo: vem a dar aula de inglês aos nossos alunos missionários;  parece um caráter apto; é virtuosa e coisas deste tipo”.

Todos nos sabemos que na ocasião da Páscoa de 1944, Padre Giacomo, como Reitor da Casa-mãe dos Missionários Xaverianos, enviou a Professora Celestina um cartão significativo.

Naquele cartão, com a figura de Jesus Crucifixo, escreveu uma só palavra: ”TUDO”

Aquela imagem acompanhada daquela única palavra, sem outro comentário, tocou profundamente a professora Celestina. 

Foi assim que como trigo maduro, a Madre se deixou cortar, moer e oferecer. Cortou os seus costumes e hábitos para dar vida a uma Congregação Missionária, destinada a crescer e florescer em várias partes do mundo.

Com isso, o Padre, no dia 24 de maio 1944, pôde escreve no seu diário: “HOJE A CONGREGAÇÃO GANHOU A SUA FUNDADORA QUE AO SENHOR PRONUNCIOU O SEU FIAT!” (O SEU SIM!)

É dever lembrar aqui que do ano 1939-1945 foi à época da 2° guerra mundial. Logo estes fatos aconteceram em pleno tempo de guerra. Tão é verdade que.....No 2 julho1944 Padre Giacomo e  um grupo de estudantes  são levados pelos alemão  ao campo de concentração.

E o Padre Giacomo lembrará por toda a sua vida que “Naquele dia não pude  celebrar a Missa.

A professora Celestina (que já tinha pronunciado o seu ‘sim’, mas que ainda não era Madre) com outras mulheres, foi antes a igreja para rezar e depois... Até o comando alemão. 

A senhorita Bóttego, conhecendo a língua pôde explicar o motivo, mas mesmo assim não conseguiram nenhuma noticia a respeito dos missionários e dos homens do lugar.

Depois de isso a “cidade” de Capriglio  não correu outros perigos e  os homem puderam voltar  salvos para suas casas.

Em plena situação de guerra, no meio de bombardeiros e outros perigos, as pessoas são preocupadas consigo mesmas e não conseguem pensar vizinho pois as  dificuldades são  extremas e como dizem...salve-se quem puder.

A Madre que tinha uma posição social e econômica razoável que dava a ela a possibilidade de ficar em casa e em segurança, não somente ajudou os vizinhos, como chegou a acolher na sua própria casa pessoas judaicas, pondo em risco e em perigo  a própria vida.

O salmo 126 diz: “Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão” e  assim foi.

 Passado três anos, aquela dolorosa memória do 2 de julho 1944,  se tinha transformada em motivo de alegria e gratidão: no 2 de julho de 1947  a Madre e as três primeiras irmãs, foram aceitas no postulado e  no 2 de julho do ano 1950 fizeram a sua primeira profissão missionária- religiosa.

Estes fatos aparentemente simples, na realidade são de uma imensa importância, pois nos ajudam entender o carisma da nossa Fundadora. A gente pode se pergunta: de onde a Madre tirou tanta força e coragem? 

O segredo está sempre nesta expressão escrita por ela mesma tempo depois daquele 24 maio1944:

“Numa atmosfera de pura fé, foi conduzida a dizer o meu SIM por uma leve inspiração interior à qual não podia resistir” Leve, mas nem tanto, pois não pode resistir.  O sopro de Deus é como o vento: você sente, mas não sabe de onde vem e para onde vai.

Terminada a guerra, aos poucos as coisas foram melhorando. Mas a guerra interior, a luta contra si mesmo, o próprio ego, nunca acaba continuam ao longo  da vida toda.

Por isso e por muitos outros motivos a Madre pronunciou muito outros Sim, no dia a dia da vida de Fundadora e Madre.

Chegou o ano 1966 quando se realizou o primeiro Capitulo Geral da Congregação, onde a Madre podia ser eleita e passar a ser além de Fundadora, Superiora Geral.

É aí que pela segunda vez a Madre, contra o parecer de pessoas próximas a ela, mas sozinha com o seu Senhor, toma a decisão e pronuncia um SIM de renúncia. Uma renúncia que ninguém pode entender que só ela sabe pois movida por aquele mesmo  impulso interior ao qual não pode resisti como foi lá no 24 de maio 1944  

O Padre naquela ocasião comunicando os resultados às irmãs aqui no Brasil assim escreve: A Madre ‘quis fazer este ato, pois lhe parecia de ser nisso inspirada por Deus e neste modo encontrava paz e tranquilidade. ’

Chegamos ao último SIM-AMEM da Madre que a leva à casa do Pai para sempre.

À Madre morreu nos primeiros minutos do dia 20 de agosto 1980. Na tarde do dia anterior, ali pelas 16:30hs, Dom Gianni Gazza propõe de celebrar a Eucaristia no quarto da Madre. E assim acontece.  Todas as irmãs presentes na Casa Madre participaram.

Em todas ficou gravado o momento da comunhão quando a Madre abriu os braços e disse um: AMÉM ou SIM, com a voz muito  clara o rosto dela ficou luminoso.

Dom Gianni Gazza, Xaveriano foi Bispo de Abaetetuba-Pará, por vários anos.  Ele teve a graça de conhecer a Madre desde criança.

Na missa de corpo presente Dom Gianni dizia:

 “Agradecemos a Deus pela inspiração que nós deu terça feira a tarde, quando nós veio a idéia de celebrar a S. Missa no quarto da Madre. A Madre naquele momento agradeceu e sorriu como fazia sempre quando lhe levava uma benção. Quando porém  recebeu o Corpo e o Sangue do Senhor,  disse aquele ‘AMÉM’ aquele SIM  com um sorriso tão  grande e rosto luminoso que, gostaria dizer, resumiu  toda a sua vida.   

E continuou: não lembro ter visto na Madre uma sombra ou um sinal diferente, mas sim sempre a mesma linha reta e coerente com o Evangelho.  Eis, esta é a figura da Madre que deixa esta casa.

A Madre agora esta na nossa frente junta à figura do Padre Spagnolo e aquela de São Guido M. Conforti. Figuras que podemos olhar com tranquilidade e certeza que nós transmitem a Luz de Deus.

No momento das orações dos fiéis Lavinia, uma das três primeiras irmãs e fiel secretária da Madre, lembrava como nos últimos dias, as palavras mais repetidas da Madre foram; “Grazie”  e “Si” ou seja: “Obrigada “ e “SIM”.  As atitudes características de toda a sua vida.